DIARRÉIA

Diarreia (escoamento – grego = Diárrhoia)

Português (disenteria, desarranjo intestinal, maculo, mal de bicho, piriri, caganeira, corrução, reira, câmaras, cambras, afito, afitamento).

As fezes são constituídas de 60 a 90% de água. Nas sociedades ocidentais, a quantidade de fezes encontrada nos adultos saudáveis é de 100 a 200 g/dia e em crianças 10 g/kg/dia, dependendo da quantidade de material inabsorvível ingerido. Quantidades de fezes > 200g/dia são consideradas diarreicas.

Esta alteração do hábito intestinal com diminuição da consistência das fezes, que podem ser amolecidas ou até mesmo líquidas é característica, acompanhada na maioria das vezes do aumento da frequência de dejeções diárias (≥ 2 por dia) e aumento do volume fecal. Ou, qualquer alteração na fluidez das fezes como sendo diarreia.

A diarreia aguda tem duração inferior a 2 semanas. A partir deste ponto de corte se classifica como persistente e mais de 4 semanas como crônica.

Epidemiologia

Aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo apresentam pelo menos um episódio de diarreia aguda por ano e é uma das principais causas de mortalidade infantil, representando aproximadamente 8% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos em todo o mundo em 2016.

A maioria das mortes por diarreia ocorre entre crianças com menos de 2 anos de idade que vivem no sul da Ásia e na África subsaariana.

Nos Estados Unidos, 83% das mortes por diarreia aguda ocorrem em

adultos com 65 anos de idade ou mais.

Define-se diarreia como alteração do hábito intestinal com diminuição da consistência das fezes, que podem ser amolecidas ou líquidas, acompanhada na maioria das vezes do aumento da frequência de dejeções diárias (≥ 2 por dia) e aumento do volume fecal.

Em síntese, diarreia é a evacuação de fezes pastosas ou líquidas efetuada com mais frequência que o habitual.

A diarreia aguda tem duração inferior a 2 semanas, a partir deste ponto de corte se classifica como persistente e mais de 4 semanas como crônica.

O que é digestão?

Digerir os alimentos significa quebrar compostos grandes em moléculas pequenas para serem absorvidas.

Ao sair do estômago, o alimento chega ao duodeno, a primeira porção do intestino delgado. O duodeno recebe as secreções do pâncreas e da vesícula biliar.

O pâncreas libera o suco pancreático, líquido rico em bicarbonato que ajuda a diminuir a acidez dos alimentos vindos do estômago. O suco pancreático também é rico em enzimas que fazem parte do processo de digestão de proteínas, carboidratos e gorduras.

A vesícula biliar produz a bile, que é a responsável pela coloração das fezes e pela digestão de gorduras, colesterol e pelas vitaminas A, D, E, K.

Após o duodeno, temos o jejuno e o íleo, respectivamente 2ª e 3ª porções do intestino delgado. Os dois formam a maior parte do nosso sistema digestório, podendo chegar a 7 metros de comprimento. Essa é a região onde ocorre a maior parte da absorção dos alimentos digeridos.

Após a digestão, o cólon absorve a água e é colonizado por mais de 700 espécies de bactérias.

Esta digestão, feita pelas bactérias do cólon, causa gases intestinais. O intestino grosso reabsorve até 19 litros de água por dia e forma fezes sólidas.

Definição de diarreia (duração)

Diarreia aguda: 14 dias ou menos.

Diarreia persistente: entre 14 e 30 dias.

Diarreia crônica: mais de 30 dias.

Diarreia sem inflamação:

Dura menos de 14 dias e é causada por patógenos invasivos ou não e suas enterotoxinas. Aquosa, sem sangue, leve e autolimitada. Causada por vírus ou bactérias não invasivas.

Diarreia com inflamação:

Sangue ou pus e febre. Bactérias invasivas ou produtoras de toxina: E. coli e Clostridioides difficile e parasitas.

As causas de diarreia são miríades.

Causas de Diarreia

Existem diversas causas de diarreia aguda, algumas das quais autolimitadas, assinaladas na tabela 1.

Algumas bactérias (ex.: E. coli; Staphylococcus aureus) produzem toxinas que aumentam a secreção de fluido intestinal, volumes que não conseguem ser reabsorvidos e que ocasionam a diarreia aquosa quase sem febre e sem outros sintomas. Outras bactérias (ex.: E. coli, Salmonella sp. e Shigella sp.) são invasivas da mucosa intestinal provocando um processo inflamatório com diarreia menos aquosa que a anterior, mas acompanhada de náuseas, vómitos, cãibras e por vezes febre ligeira.

As diarreias virais, frequentes em bebés e crianças, são aquosas e podem ser induzidas por Rotavirus e Parvovirus.

As parasitoses intestinais podem também estar na etiologia da diarreia, estando neste caso a Giardia lamblia e a Entamoeba histolytica.

Pode ainda haver diarreia crónica, quando prolongada e estando associada a patologias como a doença inflamatória intestinal.

Diarreia do Viajante

Este termo atribui-se à diarreia que ocorre em indivíduos que viajaram para regiões com baixas condições higiênicas. Estima-se que ocorra entre 30-80% de todos os viajantes, sendo que até 60% dos casos não se identifica o agente patogénico. Admite-se que 40-75%, são diarreias ocasionadas pela E. coli produtora de toxina, até 15% provocadas por E. coli e Shigella enterohemorrágicas, em 10% por Salmonella e em 10% por Campylobacter jejuni. Estas situações são mais comuns em viajantes em África e América Central. Infeções por vírus como o rotavírus e vírus Norwalk, protozoários e helmintos surgem em cerca de 10% dos casos totais de diarreia. Relativamente à diarreia por protozoários, destaca-se as causadas por Entamoeba histolytica e Giardia lamblia.

DESTAQUE SOBRE AS FEZES HUMANAS

Fezes humanas: são material restante após a digestão e absorção dos alimentos pelo tubo digestivo dos seres humanos. Geralmente têm aspecto castanho-parda e pastoso, porém pode aparecer nas mais variadas formas, tamanhos e cores.

Nos seres humanos o alimento pode levar cerca de 8 horas para transitar no organismo e chegar como uma massa uniforme ao intestino grosso, onde permanece por cerca de três dias. Nesse período parte da água (10 a 12 litros) e sais é absorvida, para que na região final do cólon a massa fecal se solidifique, transformando-se então nas fezes.

ASPECTO GERAL

Consistência

As fezes normais são sólidas e apresentam 75% de água na sua composição. Variações mínimas nas concentrações de água interferem na sua consistência. Fezes moles apresentam, mais ou menos, 80% de água e as líquidas 90%. Alguns fatores, como o vegetarianismo, podem aumentar o teor de líquido. Diarreias potentes podem ser constituídas de 100% água, em alguns casos graves. Quando pessoas contém a Síndrome de Westler possuem as fezes semelhantes às de um pássaro.

Massa

É variável e depende da quantidade de alimento ingerida. Geralmente, uma alimentação ordinária, faz o indivíduo eliminar de 100 a 150 g de fezes, por dia. Algumas doenças, como nos casos de fermentação intestinal intensa, fazem o indivíduo eliminar mais de 800 g.

A maioria das fezes é composta de bactérias. Cerca de 90% delas são bactérias do género Bifidobacterium. O restante é constituído por sais, muco, fibras, celulose e outros materiais não digeridos. A cor amarronzada ou acastanhada e estrutura das fezes se deve à presença de pigmentos provenientes da bile.

Forma

A forma das fezes humanas depende de sua consistência. Sua forma é definida pelo esfíncter anal em cilindros, e quando passa pelo reto seu calibre é reduzido. Nas diarreias, não existe uma forma definida.

Cor

Castanho-parda, devido a presença de estercobilina e hidrobilirrubina. A cor das fezes, depende também do regime alimentar: verduras deixam as fezes do indivíduo esverdeada e a dieta láctea pode deixa-la amarelada. Vermelhas (beterraba).

Odor

Fezes possuem odor fisiológico, o qual pode variar de acordo com a dieta e o estado de saúde. Nas fermentações intestinais elevadas apresenta cheiro pútrido.